Passamos a estação de trem, pegamos a estrada de terra. A paisagem que emoldura o caminho é tão bonita, tão bucólica que faz o destino parecer menos importante. Todavia, chegamos. E o que nos espera é um restaurante que mais parece o sítio de um amigo do que um estabelecimento comercial.
Galinhas perambulam absolutamente indiferentes a nossa chegada. Já os cachorros acomodados na entrada despertam do estado de profunda preguiça pra nos receber. Reafirmam a sensação de acolhimento que a atmosfera do lugar antecipava. Àquela altura, já estávamos convencidos de que seríamos felizes ali. Ainda que a comida não fizesse jus ao cenário. Ainda que o serviço não estivesse no compasso da urgência de visitantes urbanos demais.
Matamos a sede com limonada servida na chaleira, geladinha. À fome mais premente respondemos com pasteis de angu com carne (boa massa, recheio saboroso), selando a felicidade à mineira.
O feijão tropeiro que veio em seguida não estava entre os melhores que já comi, mas era bom. O mesmo não posso dizer das carnes de porco que o acompanhavam, ressecadas, maltratadas mesmo. Os pedaços que sobraram fizeram a alegria dos cães, cujo crivo era consideravelmente menos severo.
Ao longe, o som da maria-fumaça, partindo rumo a São João del Rei, nos lembrava de que havíamos perdido a hora e o trem. Não lamentamos. Era Tiradentes nos libertando do triste ritmo da cidade grande.
Sabor Rural – Estrada da Caixa d’Água, Km 4 (por trás da estação de trem) - Tiradentes