Saldosa Maloca (assim, com L mesmo): bela surpresa do lado de lá do Guamá

Setembro 2011

Uma vez em Belém, eu havia de buscar as dicas de quem vive no local e conhece bem suas mesas. Ninguém melhor do que o chef Thiago Castanho pra me guiar. Entre algumas recomendações preciosas, havia uma que ecoava em meus ouvidos: “Não deixe Belém sem conhecer a Saldosa Maloca. Lugar muito simples, mas imperdível. Ao menos, pra mim e pra boa parte dos paraenses que passam seus fins de semana por lá.” Não pensei duas vezes.

O caminho já é uma experiência. O restaurante fica do outro lado do rio Guamá, cuja travessia se faz num barquinho posto à disposição pelos restaurantes que ficam naquelas paragens. O vento no rosto, o impressionante volume d’água – que, por vezes, você jura que vai invadir o barco –, a floresta no horizonte, está tudo no script.

Chegando, me acomodei numa mesinha ao lado do rio. A sombra das árvores, a vista da cidade ao longe, o sol arriscando, entre as nuvens chumbo, parcos lampejos sobre as águas cor de barro... Não fosse o aparelho de som na mesa logo atrás da minha, que tocava Calypso (ou algo que o valha) no último volume, eu poderia definir como perfeita aquela tarde.

Antes de ver o cardápio, pedi um copo de vinho de cacau, atenta à recomendação de Thiago. Um néctar obtido através da prensa do cacau no tipiti.

Seguimos com o que pode haver de mais essencial na mesa paraense, síntese do que o belenense comum vai buscar ali todo sábado, todo domingo: peixe frito (era pra ser pirarucu, mas como ainda não tinha saído da dessalga, substituímos por filhote), arroz, açaí, farofa de farinha d'água e mais uma porçãozinha de farinha. O peixe era fresco e saboroso. A farofa era soberba (se eu vivesse no Pará, poderia passar, tranquilamente, à base de farinha e nada mais). E o açaí, processado a partir das frutas recém colhidas nos fundos da propriedade. Sim, a Saldosa Maloca tem seus próprios açaizeiros.

Saí dali com alma – mais do que o corpo – alimentada do que se pode encontrar de melhor numa mesa: comida de verdade, feita por quem – e pra quem – é da terra. O raro prazer de sentir que se está no lugar certo.

 

Saldosa Maloca – Ilha do Combu. Acesso de barco a partir da Praça Princesa Isabel


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por: Cândida Silva em 01-11-2012
Minha Belém é mesmo linda! Parabéns pelo trabalho.
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