Los Mellizos: churros e nostalgia em Montevidéu

Fevereiro 2016

Parque Rodo

Imagino quanto se tenha modificado a capital uruguaia desde que Jorge Luis Borges escreveu o poema Montevidéu. Mas, de alguma forma, na atmosfera de suas ruas e no gestual de seu povo ainda é possível vislumbrar a "porta falsa no tempo", a tal cidade que mira o passado a que o escritor argentino se referiu. Ela se revela nas tantas casas de muros baixos que persistem, nas crianças brincando em seus cavalinhos de pau à beira-rio, nas cabeças brancas no comando de fornos e parrillas. Isso me pareceu ainda mais palpável diante da roda-gigante do Parque Rodó, um parque de diversões à moda antiga, que debruça sua nostalgia no rio-mar.

Parque Rodo

A poucos passos da extemporânea roda, um quiosque de churros sublinhava aquele sentimento. Churros Los Mellizos, dizia o letreiro. Os que me haviam sido recomendados eram vendidos noutra banca, logo adiante. No entanto, ao perceber a maestria com que o dono do lugar manejava a fritadeira, eu soube que era ali que devia depositar meu desejo: "una docena, por favor". Chegaram finos, sequinhos, crocantes, polvilhados com açúcar e canela. Não me recordo de já ter comido melhores.  

Churros Los Mellizos

Churros Los Mellizos

A felicidade infantil com que os devorei em meio ao burburinho do parque me remeteu às predileções dos tempos de menina. Quis acreditar que uma fagulha da inocência perdida em tantas cidades insiste em sobreviver em Montevidéu.  

Parque Rodo

Churros Los Mellizos – Av. José Requena y García – Parque Rodó

 

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