Minha primeira refeição no Piemonte aconteceu na Osteria da Gemma. A cozinha tradicional, rústica e familiar praticada na casa propõe um percurso por muitos dos clássicos do receituário piemontês e se revela uma bela introdução à culinária da região.
Não há cardápio. Você se acomoda, os garçons começam a trazer comida e só param quando você desiste da luta. No momento em que percebi que estava prestes a me render, já haviam passado por minha mesa embutidos, três antepastos, duas massas, carnes e vegetais. A rendição seria selada com as três sobremesas que estavam a caminho. Se lhe vem à cabeça algo como um longo, enfadonho e caro menu degustação, esqueça. Uma refeição na Osteria da Gemma é a antítese disso. Não houve tédio em momento algum. Nem taquicardia diante da conta: vinte e sete euros por pessoa.
Começamos com salames e antepastos tipicamente piemonteses, como carne cruda, insalata russa e vitello tonnato.
Seguimos com massas igualmente típicas da região: agnolotti e tajarin. Os tajarin merecem especial menção. Experimentei muitos durante minha passagem pelo Piemonte, alguns mais delicados, mas nenhum deles mais saboroso. O sabor daquele ragu ainda não me saiu da memória.
Houve ainda coelho acompanhado de deliciosas abobrinhas assadas.
Por fim, as sobremesas, que me pareceram um tom abaixo dos pratos salgados: strudel, meringata, e bonet, este último, o melhor dos três.
Comida caseira, farta, acolhedora. Eventualmente imperfeita – a imprecisão técnica se revelava aqui e ali, como no coelho, a que faltava umidade, ou no strudel, cuja massa foi assada além do ponto. Mas sempre cheia de sabor e verdade.
Saí com a sensação de que, fosse minha avó piemontesa, eu comeria em sua casa como comi naquele lugar.
Osteria da Gemma - Via Marconi, 6 – Roddino