Irajá, a nova casa de Pedro de Artagão: minhas primeiras impressões

Janeiro 2012

Irajá Pedro de Artagão

Entre todas as inaugurações que aconteceram na reta final de 2011, a que mais me gerou expectativa foi o Irajá. Era fã do trabalho que o chef Pedro de Artagão vinha fazendo no Laguiole nos últimos anos e, particularmente, achava que sua cozinha merecia outro tipo de ambiente, menos formal e asséptico, mais caloroso, como é, afinal, a comida que Pedro sempre buscou fazer. Uma cozinha inteligente, que tem o pé no Brasil, mas voa por todo canto, buscando inspiração em culturas diversas, e sempre permeada, de alguma forma, por referências da memória afetiva, o que me parece estar ainda mais presente no interessante cardápio da nova casa.

Foi com tudo isso na cabeça que cruzei a entrada do Irajá ainda em seus primeiros dias de vida. O projeto arquitetônico foi certeiro: deu ao chef, finalmente, um ambiente que dialoga com as referências de sua cozinha. O lindo espaço na rua Conde de Irajá é meio restaurante, meio casa. Dá vontade de morar na antessala de pé direito alto, paredes de tijolos aparentes e móveis antigos. O arejado salão ao fundo, coroado por um jardim vertical, é outro acerto.

Irajá Pedro de Artagão Irajá Pedro de Artagão

Irajá Pedro de Artagão Irajá Pedro de Artagão

Minhas expectativas, no entanto, seriam frustradas pelo que saiu dos fogões naquela noite. Fui embora sem saber muito bem se fui eu que, por esperar demais, preparei a cama pra decepção ou se a questão era o pouco tempo de vida da casa. Preferi, então, esperar, deixar o tempo agir antes de querer formar alguma convicção. Voltei cerca de um mês depois. E ainda não encontrei exatamente o que procurava – o brilho do Artagão dos tempos do Laguiole -, mas já fui mais feliz do que na vez anterior.

Nessa última visita, em vez de me acomodar no salão, jantei na antessala mesmo. É preciso fazer certo malabarismo, especialmente se forem mais de duas pessoas a dividir as pequenas mesas, mas o charme do ambiente compensa. Outro bom motivo pra se acomodar ali é que se pode percorrer todo o cardápio de petiscos – no salão de jantar, se não me engano, apenas poucos deles estão disponíveis. Foi o que fiz: experimentei vários. E talvez tenham sido o melhor da noite. Os chips de mandioca com grana padano e manteiga de garrafa chegaram sequinhos e gostosos. As batatas fritas caseiras (acompanhadas de mostarda, maionese e queijo fundido) são um alento pra quem, como eu, considera incompreensível tanto restaurante se permitindo servir batata congelada... Provei, ainda, bons croquetes de carne e coxinhas de galinha.

Irajá Pedro de Artagão Irajá Pedro de Artagão

Irajá Pedro de Artagão

Já nas entradas, gostei da versão de caprese (Pedro já criou algumas versões pro prato): creme de mussarela de búfala, tomatinhos doces e bem temperados e delicioso pangrattato. Além da caprese, revisitei o “Galinheiro”, que já tinha experimentado da primeira vez: ovo, demi-glace de galinha, curau de milho e crocante de canjiquinha. Seria uma beleza de prato não fosse o excesso de sal. Na primeira vez, estava muito salgado. Nesta última, tinha menos sal, mas ainda um tom acima.

Irajá Pedro de Artagão Irajá Pedro de Artagão

Foi nos pratos principais que vi maiores tropeços. Os gnudis de baroa com molho de funghi eram saborosos, mas faltava delicadeza à massa. Na versão de bife à parmegiana, a carne veio além do ponto, firme demais. E a costelinha ao barbecue com bolo de fubá (outro prato que já havia visitado na primeira vez), embora me soasse como uma boa dobradinha ao ler o cardápio, no prato não deu tão certo. A broa de fubá me pareceu um tanto doce pra coadjuvar a costelinha, que já tinha a doçura conferida pelo barbecue...

Irajá Pedro de Artagão Irajá Pedro de Artagão

Irajá Pedro de Artagão

Entre as sobremesas, um gostoso bolo de brigadeiro, servido quente com creme inglês, e um bom mil-folhas com frutas vermelhas, em que o creme de confeiteiro ganha leveza com o provável uso do sifão.

Irajá Pedro de Artagão

Irajá Pedro de Artagão

Por ora, voltaria pra uma noite sem muita pretensão, me limitando aos petiscos e algumas entradas, ali mesmo, na antessala – a tal onde eu gostaria de morar... Pra jantar propriamente, prefiro dar tempo à casa e esperar um pouco mais.

 

Irajá Gastrô – Rua Conde de Irajá 109 – Botafogo
http://www.irajagastro.com.br/

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por: Andrea em 01-11-2012
Estive recentemente no Irajá e também achei meu prato muito salgado - um combinado de carnes de pato. Meu marido pediu o porco com tropeiro e foi mais feliz.
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